segunda-feira, 28 de março de 2011

DELEGADO CARLOS OLIVEIRA SE DEFENDE NA CPI DO TRÁFICO DE ARMAS



AO FIM DO DEPOIMENTO DEPUTADOS DA CPI SE RENDEM A SUA INOCÊNCIA

Agradecendo pela oportunidade de falar na CPI do Tráfico de Armas, o delegado Carlos Antônio de Oliveira disse, nesta segunda-feira (28/03) que sua prisão, ocorrida há 45 dias na Operação Guilhotina, da Polícia Federal, foi arbitrária e política. Ele foi ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) que investiga o tráfico de Armas, munições e explosivos, que buscava obter com o ex-subchefe da Policial Civil informações sobre este tipo de crime. Oliveira investigou por anos o tema, que agora o levou a ser preso. Ele informou ao grupo que iria depor como testemunha de uma Ação Civil Pública do Ministério Público Federal a respeito da ineficiência da Policia Federal no combate ao tráfico de armas. O policial também apresentou dados colhidos por seu trabalho quando titular da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae). “Nosso objetivo não é condená-lo ou absolvê-lo, mas absorver todas as informações inovadoras sobre o tráfico”, afirmou o presidente do grupo, deputado Marcelo Freixo (PSol).

Freixo voltou a dizer que a CPI foi pedida e autorizada antes da deflagração da Operação da Policia Federal que apurou a conduta de policiais, civis e militares, envolvidos em crimes – dentre os quais, o tráfico de armas. O deputado afirmou que com o depoimento do policial buscava obter informações tanto de sua passagem pela polícia quanto sobre as razões que levaram à sua prisão. “Ele deu algumas informações técnicas importantes, complementares às informações que já tínhamos, como a fragilidade da Polícia Civil no rastreamento das armas apreendidas. Parece que isso não é organizado como deveria”, exemplificou Freixo.

Antes de ser sabatinado pelos parlamentares, o policial apresentou um datashow com levantamentos de apreensões e imagens de armas mais encontradas pela polícia no período em que esteve à frente das investigações – entre 2001 e 2008, com um intervalo. Confirmando dados trazidos à CPI pelo sociólogo e pesquisador do assunto Antônio Rangel Bandeira na última semana, Oliveira disse que, em 2008, 61% das armas apreendidas eram nacionais, 12% estrangeiras (a maior parte americanas) e 27% de origem desconhecida por problemas no rastreamento. “Nem sempre conseguimos a informação completa, o que interrompe o rastreamento. Por isso poucos são feitos”, explicou ele, que disse ter centralizado essa tarefa na Drae.


Carlos Oliveira desqualificou a principal testemunha das acusações a que responde (comércio ilegal de arma de fogo, peculato e formação de quadrilha) alegando que se trata de um “X-9 que ninguém conhece, um viciado paranóico” e contestou, uma a uma, as denúncias feitas contra ele. Exaltado, chegou a acusar de racista a investigação que chegou a ser denominada Estado Negro, antes de ganhar o nome de Guilhotina. “A operação Guilhotina é uma balburdia, uma confusão. Fui acusado de chefiar quadrilha durante período em que nem estava na policia, estava na prefeitura. Levei 17 dias para tomar conhecimento dessas acusações. Conclamo qualquer jurista desse País para verificar se meus direitos foram respeitados”, afirmou.


Ele também refutou as acusações de portar uma submetralhadora UZI apreendida e de ter se apropriado de 42 mil munições apreendidas em operação no Morro da Mineira, em 2008. “É uma arma ruim, sem precisão, jamais usaria em minha defesa pessoal”, argumentou ele, que também usou suas experiências para se defender da acusação de que teria dividido a munição apreendida. “As 42 mil munições pesariam meia tonelada, que teríamos que carregar até as viaturas. Havia imprensa, eu registrei a apreensão. Toda operação foi levada para a Drae e eu registrei. Tenho fotos”, explicou.


A tese de que o inquérito está mal fundamentado ecoou entre alguns deputados da CPI, que pediram a Oliveira que dissesse o que sabia ao grupo. “Pelo que temos aqui, fica difícil acreditar na sua vinculação com esses crimes”, disse o deputado Flávio Bolsonaro (PP) referindo-se ao inquérito da Polícia Federal. O vice presidente da CPI, deputado Zaqueu Teixeira (PT), que é policial, disse que não via prova de autoria nem de materialidade nos autos, “sem as quais tudo fica frágil”, e o relator, deputado Wagner Montes (PDT), pediu que ele dissesse ao grupo quais seriam as razões de seu envolvimento. Paulo Ramos (PDT), chegou a dizer que esta seria sua melhor chance de reverter a “condenação da opinião pública”. O policial se negou a falar sobre isto, por indicação de seu advogado, que afirmou que enviará aos membros da CPI cópia do depoimento que será prestado em juízo.


Também estiveram presentes os deputados Luiz Paulo (PSDB) e Clarissa Garotinho (PR). Luiz Paulo disse que depois de ouvir o depoimento do Delegado Carlos Oliveira voltará para a casa com a sensação de que o Delegado é um injustiçado. Segundo o deputado Zaqueu Teixeira, mesmo após examinar o inquérito várias vezes, não teria encontrado provas da materialidade da participação do delegado Carlos Oliveira nos crimes investigados pela Operação Guilhotina. O deputado Paulo ramos foi ainda mais contundente, segundo o deputado, o Delegado teria sido vítima do sistema. Flavio Bolsonaro finalizou dizendo que o Delegado Carlos Oliveira teria sido vítima de uma “Prisão de cunho Político”. Bolsonaro ainda disse que teria lido e relido o inquérito da Operação Guilhotina e que não teria encontrado motivo algum para que o Delegado continuasse preso.

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