domingo, 3 de maio de 2009

MARCIA BECK É A NOVA TITULAR DA DRAE


‘Sim, eu gosto de atirar’

Nova delegada da Drae, Márcia Beck quer aprimorar investigações e rastrear a origem do armamento


Rio - Primeira mulher a comandar a Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae), unidade operacional presente em quase todas as grandes operações da Polícia Civil, a delegada Márcia Beck será, a partir de amanhã, ‘a voz da ternura’ à frente dos 80 homens da especializada. Mas promete surpreender quem imagina que, por trás de seu jeito sereno, não há disposição para endurecer. “Sim, eu gosto de atirar”, responde, quando perguntada sobre sua relação com as armas de fogo.
Jovem — tem 35 anos —, loura, falante, vaidosa, Márcia coleciona experiências ao longo de oito anos na Polícia Civil. Dividir-se entre a Drae, a filha de cinco anos e o marido não será tarefa fácil. “A essência da Drae são as operações diárias e de grande porte, para buscar o armamento que está nas mãos de criminosos. E, claro, a prisão dessas pessoas, estejam onde estiverem. Isso não vai mudar”, garante.
Mas alguns detalhes das apreensões, como o rastreamento das armas, vão ganhar força. Além de não fugir dos tiros — inevitáveis em uma unidade que combate justamente quadrilhas que atuam com armamento pesado e fartura de munição —, Márcia Beck quer intensificar as investigações, que são a base para obter resultado nas ações da especializada.
A rotina de dona de casa não vai impedi-la de acompanhar na rua as ações de sua nova equipe. “As tarefas administrativas, de planejamento e de investigação, serão muitas, com certeza. Mas estarei presente, e armada em todas as operações em que a minha presença for necessária, e também naquelas em que perceber que devo acompanhar”, avisa.
A escolha de Márcia Beck para titular da Drae não se deveu apenas pelos critérios de experiência, competência e desempenho reconhecido em suas áreas de atuação dentro da instituição.
Ela é uma das dez mulheres escolhidas pelo chefe de Polícia Civil, Allan Turnowski, para ocupar postos estratégicos na instituição e promover uma mudança de cultura. Antes, os cargos principais, tanto na inteligência quanto na área operacional, costumavam ser entregues aos homens.
A Drae coleciona, entre tantas polêmicas, participação na maior operação realizada em uma favela do Rio: em junho de 2007, 19 pessoas morreram no Complexo do Alemão. Segundo a polícia, todos eram traficantes.
‘O perigo faz parte da rotina’
Márcia Beck diz que sempre trabalhou em delegacias onde os homens são a maioria: “Meu marido, minha mãe e até minha filha já estão acostumados. Fui delegada adjunta em distritais, na Polinter e na Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), que também é muito operacional.
Em qualquer delegacia o número de homens é sempre maior. Minha mãe perguntou se não era perigoso. Disse a ela que o perigo faz parte da rotina de qualquer policial, independentemente do posto, e que não pretendo abrir mão da minha”.
“Podemos saber que caminho a arma fez até chegar aqui”“O rastreamento dos fuzis, pistolas e metralhadoras apreendidas em operações, que conservam a numeração de origem, é uma técnica de investigação importante no combate ao tráfico de armas. Pode nos indicar toda a trajetória do armamento.
Com esse levantamento, nós podemos saber que caminho a arma fez até chegar aqui, em que ponto foi desviada para a ilegalidade e nas mãos de quem ela foi parar. Ou seja, a identificação da organização criminosa que abastece a favela em que a arma foi localizada.”MÁRCIA BECK delegada, 35 anos

Fonte: O Dia

POR MÁRCIA BRASIL, RIO DE JANEIRO

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